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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Conceito de Treinamento Funcional


As últimas décadas foram marcadas por grandes avanços tecnológicos, com descobertas de curas de doenças, acesso ilimitado às informações mundiais em tempo real, estamos literalmente conectados 24h.
Por outro lado, houve uma adaptação do homem a este novo cenário. Ficamos dependentes da nossa evolução, passamos várias horas em frente ao computador, as atividades diárias requerem menos movimentos, e ainda assim nos falta tempo, pois tudo acontece muito rápido e precisamos acompanhar esta velocidade, senão ficamos para trás, defasados… por isso temos pouco tempo para nos alimentar e quando “sobra tempo” tem que ser muito rápido, gerando uma ansiedade enorme, além de precisarmos de comidas rápidas que estão longes de serem saudáveis.
Muitas conseqüências desta adaptação já começam a aparecer e estão relacionadas à saúde do homem, como se a obra se voltasse contra o criador. Não é a toa que as doenças relacionadas ao coração são as que mais matam no mundo todo, assim como a enorme quantidade de crianças obesas e com hipertensão.
Além disso, o sedentarismo tem criado pessoas não-funcionais, incapazes de realizar movimentos básicos e inatos do ser humano, com encurtamentos e desequilíbrios musculares crônicos, levando, assim, a adaptações estruturais físicas em todo corpo.  Com este perfil, a sociedade atual precisa de novos treinamentos e visando a carência de movimentos surgiu uma adaptação do treinamento funcional.
O Treinamento Funcional surgiu da reabilitação, onde movimentos eram usados para recuperar lesões e posturas inapropriadas, principalmente de atletas. Posteriormente foi incorporado as suas rotinas de treino, melhorando a eficiência no esporte e como um preventivo a novas lesões. A partir disto, adaptou-se este método a sociedade atual com todas as suas deficiências

Objetivos
O principal objetivo do Treinamento Funcional é tornar o corpo humano uma máquina de locomoção eficiente, sendo o foco de treinamento, a melhora do desempenho dos movimentos.
No corpo humano, a produção de movimento é estruturada na integração dos sistemas: nervoso, esquelético e muscular que, juntos, compõem a cadeia cinética.
De acordo com Boyle (2003), função é essencialmente o propósito. Se a Cadeia Cinética desempenhar da melhor maneira possível sua “Função”, o movimento será mais eficiente.
Todos os sistemas da Cadeia Cinética devem trabalhar em conjunto para produzir movimento e se um sistema não trabalha apropriadamente, irá afetar outros sistemas e, conseqüentemente, o movimento.

A PRODUÇÃO DE MOVIMENTO
Faz-se necessário uma avaliação estruturada da Cadeia Cinética para detectar que sistema está deficiente, além de uma avaliação de movimentos que irá mostrar músculos e articulações desalinhadas. Baseado nisto, deve ser elaborado o treinamento, que deve ser voltado para correções de encurtamentos e fraquezas musculares.
Por isso, o Treinamento Funcional pode ser usado para todos objetivos, pode melhorar o desempenho de movimentos de um atleta, tornando-o mais veloz, forte e equilibrado. Mais ainda, pode melhorar o desempenho de movimentos do cidadão comum, para que ele execute melhor as tarefas da vida diária, assim como sua postura.

DESEQUILÍBRIOS MUSCULARES

Os desequilíbrios musculares causam uma estrutura anormal e ineficiência funcional da cadeia cinética. São alterações no comprimento dos músculos, alterando o alinhamento das articulações. Esses músculos podem estar superestimulados ou enfraquecidos, causando uma variedade de mecanismos.
As principais causas são:

  1. Estresse Postural
  2. Movimentos Repetitivos
  3. Lesões Acumulativas
  4. Controle Neuromuscular Alterado
  5. CORE Fraco
  6. Treinamento Ineficiente


PADRÃO DE SOBRECARGA

Um expressivo número de pessoas na sociedade atual tem desequilíbrios musculares que resultam em padrão de sobrecarga, que consiste na repetição do mesmo movimento.
São aqueles alunos de academia que treinam sempre as mesmas rotinas, levando a um padrão de sobrecarga – que não é necessariamente relacionado ao exercício – é um estresse anormal no corpo.
Se considerarmos pessoas que têm ocupações que requerem movimentos repetitivos ou posturas inapropriadas, como dentistas ou funcionário de produção, todos exercem um estresse repetitivo ao corpo ao longo do dia. Outra postura atualmente freqüente é a sentada ao computador, que também causa um estresse repetitivo.
Os desequilíbrios musculares ocorrem normalmente em razão de três fenômenos: inibição recíproca,dominância sinergísticadisfunção artrocinética, que conseqüentemente altera o Controle Neuromuscular.
INIBIÇÃO RECÍPROCA
É o conceito de uma inibição muscular causada por um agonista encurtado, diminuindo o estímulo neural no antagonista. Por exemplo, um psoas (Flexor do Quadril) encurtado diminuirá o estimulo neural no seu antagonista, glúteo máximo (Extensor do Quadril).

DOMINÂNCIA SINERGÍSTICA
É o fenômeno neuromuscular que ocorre quando os músculos sinergistas assumem a função dos músculos inibidos ou enfraquecidos. Aproveitando o exemplo anterior, quando o psoas é encurtado ele gera uma inibição recíproca no glúteo máximo e o resultado disso é um aumento de força nos sinergistas (isquios tibiais, adutores e eretores da coluna) para compensar o enfraquecimento do glúteo máximo.

DISFUNÇÃO ARTROCINÉTICA
O termo artrocinética refere-se ao movimento das articulações.  E disfunção artrocinética é uma disfunção biomecânica e neuromuscular levando a um alterado movimento articular que causa uma ineficiência nos movimentos. Por exemplo, uma rotação externa dos pés no movimento de agachamento força a tíbia e fêmur a rodarem externamente. Isso altera o alinhamento dos joelhos e quadril, forçando o glúteo máximo (agonista) a trabalhar numa posição encurtada e diminuindo a habilidade de gerar força, tornando o bíceps femural e pirifome (sinergistas) dominantes, alterando a artrocinética e aumentando o estresse nos joelhos e lombar. Geralmente, esse estresse leva a dor, que, futuramente, pode alterar o recrutamento muscular e o mecanismo articular.
Referências:
.: Boyle,M. Functional trainer for sports. Human Kinetics (2004)
.: Cook,G. Athletic body in balance. Human Kinetics (2005)
Fonte: Fabiano Malheiros, Especialista em Ciência do Treinamento Desportivo (UNICAMP)